RN COMUNICAÇÃO

sexta-feira, 1 de julho de 2016

TELERN DE CAICÓ



No alvorecer da década de 1960, vinha-se verificando em Caicó a tão sonhada ampliação da rede telefônica da cidade, que passava a oferecer um meio de comunicação mais moderno e sofisticado. Essa ampliação, com vista a interligação telefônica de Caicó com as principais urbes do território potiguar, era considerada um passo importantíssimo para a instalação na cidade de uma Estação Telefônica Interurbana da Companhia Telefônica do Rio Grande do Norte (TELERN), contribuindo com a melhoria da qualidade do serviço telefônico oferecido no espaço urbano caicoense. Se por um lado a ampliação dos serviços telefônicos trazia melhorias para a comunicação urbana, por outro gerava preocupação para a administração pública, posto a ocorrência de alguns problemas suscitados através dessa ampliação.

Desta maneira, a instalação da rede telefônica na cidade, com o consequente aumento do número de aparelhos telefônicos, vinha desencadeando a prática pouco educativa de alguns indivíduos. Para Valle Sobrinho, em uma crônicapublicada no Jornal A Fôlha, essa prática era desenvolvida por sujeitos ociosos que constantemente utilizavam os aparelhos telefônicos para fins maléficos, ligando para as pessoas ocupadas em seu trabalho diário com intento de lhes falarem as mais esdrúxulas palavras, gracejos e mentiras. Continuava o cronista afirmando que o mesmo já tinha tomado conhecimento do fato de que a administração “[...] dos telefones pretendia sindicar os autores dêsses maus costumes. Será justa essa medida, pois, não é agradável estar trabalhando e ir atender chamadas de pessoas despreocupadas, que não trabalham nem deixam os outros trabalhar”
.
Diante da intensificação desses problemas, a Prefeitura Municipal, em nome do então administrador Milton Aranha Marinho (abril de 1958 a março de 1961), atendendo a diversas solicitações das famílias caicoenses que se sentiam injuriadas com os “trotes telefônicos”, tornava-se público aos possuidores de aparelhos telefônicos, que os responsáveis do serviço telefônico estavam autorizados a proceder à identificação dos aparelhos utilizados para esses fins considerados deprimentes. O aviso ainda salientava que as responsabilidadescairiam sob os respectivos proprietários dos aparelhos de onde eram originários os trotes, devendo estes serem retirados imediatamente dos locais nos quais se achavam instalados e restituídas “[...] as importâncias correspondentes aos pagamentos já efetuados, com a publicação dos números dos telefônes. Contava a Prefeitura com a maioria do povo caicoense para corrigir tamanha irregularidade que tanto depõe o bom nome de Caicó”Obviamente que esse aviso não conseguiu eliminar totalmente os problemas com os novos aparelhos telefônicos, pois estes eram, direta ou indiretamente, advindos da própria dinâmica urbana vivida na época. O fato de um elemento moderno ser inserido no espaço urbano não determinava a eliminação de atos transgressores da ordem citadina vigente. Ao contrário, a inserção de um novo objeto geográfico ou serviço urbano na cidade poderia gerar a curiosidade e o desejo de alguns sujeitos em usufruí-los, nem que a sua utilização correspondesse a tessitura de práticas socioes paciais identificadas como desviacionistas. Nesse sentido, modernização não era sinônimo de ordem, tampouco de desenvolvimento. Quiçá estivesse mais para ser sinônimo de caos, já que boa parte das melhorias geradas em decorrênciadas políticas de modernização urbana destinava-se a atender os anseios e os
desejos de uma determinada classe social.

Mesmo com alguns problemas gerados diante da inserção de novos objetos geográficos no espaço urbano caicoense, estes transformavam o cenário da cidade que passava gradativamente a ser racionalizado, ganhando um novo texto escrito por um conjunto de inovações técnicas e modernas. A inserção da rede e dos aparelhos telefônicos e de tantas outras inovações no espaço urbano caicoense, somente foi levada adiante a partir da substituição das formas de geração de energia elétrica. Isso porque, a permanência de um modelo de iluminação urbana, realizada através de um problemático e limitado motor, dificultava o avanço progressista da cidade, bem como, a continuidade do funcionamento de energia em seu espaço, haja vista que este objeto não vinha conseguindo mais atender a demanda existente, provocando graves danos para a vida cotidiana da cidade e muitas preocupações para a população e para a administração municipal.
FONTE - SOBRE PEDRAS, ENTRE RIOS -  Modernização do espaço urbano de Caicó/RN  - (1950/1960), de MARCOS ANTÔNIO ALVES DE ARAÚJO

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